O desenvolvimento e crescimento dos pequenos gera muita ansiedade nos pais que, naturalmente, ficam se perguntando o que fazer, como fazer, o que é normal e quando é preciso procurar ajuda.
Em primeiro lugar é preciso deixar bem claro que cada criança tem seu tempo e se desenvolve de uma maneira única e especial, mas também é importante saber que existe um padrão pelo qual geralmente podemos nos guiar no acompanhamento desse desenvolvimento.
Para quem não sabe a fala é um processo muito complexo que vai muito além dos lábios e da linguinha e envolve, também, um sistema chamado de neuromuscular, no qual estão incluídos os músculos e o cérebro.
Falar é tão complexo que lábios, língua, bochechas, palato mole e duro, dentes, mandíbula, faringe, laringe e a respiração também podem interferir no processo. Por isso é preciso ter paciência para acompanhar a descoberta e tentativas de articulação dos pequenos até que os sons ganhem significado. Aos pouquinhos a criança vai utilizando as palavras para descrever o que vê, ouve, sente e pensa, de acordo com a sua aquisição de linguagem e o desenvolvimento motor.
Sempre me perguntam no consultório se existe uma regra ou ordem de aquisição de sons. Geralmente o bebê vai aprendendo a articular os sons menos complexos até os mais complexos, por dependerem de um ato motor mais difícil, mas não necessariamente isso é uma regra.
Mas como saber quando procurar ajuda?
Logo cedo, com poucos meses de idade o bebê já é capaz de balbuciar e produzir sons como “ah” e “oh” e o ideal é que aos 9 meses já tenha conseguido pelo menos esboçar alguma palavrinha como “mamã”. Entre 1 ano e 1 ano e meio algumas pequenas junções de palavras já devem estar sendo pronunciadas, assim como os sons do “b” e “m”.
A aquisição dos sons geralmente vai seguindo essa tabela:
• 18 meses: b, m
• 2 anos: p, t, d, n
• 2 anos e meio: k, g, n
• 3 anos: f, v, s, z
• 3 anos e meio: x (ch), j
• 4 anos: l, lh, r, rr, s e r intermediários e encontros consonantais
É claro que isso pode variar de criança para criança, mas se você perceber que seu pequeno está muito longe de conseguir emitir esses sons, ou se tem algo muito fora desse padrão acontecendo, é legal procurar ajuda de uma fono para identificar se existe de fato alguma dificuldade e de onde ela vem, para poder intervir o mais rapidamente possível – de preferência antes do prazo final de aquisição, que é aos 4 aninhos de idade.
O que pode causar atraso ou dificuldades na fala?
São alguns fatores que podem interferir, por isso a importância de procurar ajuda profissional para identificar o que pode estar acontecendo. Entre os mais frequentes são o uso de chupeta prolongado, respiração oral, alergias respiratórias e alimentares e problemas sensoriais e auditivos.
Como mais de 10 anos de experiência em atendimento clínico de bebês, Flávia Puccini é fonoaudióloga e idealizadora do Espaço Bebê e Criança e mestre em processos e distúrbios da comunicação e especialista em motricidade orofacial. Tem como autoria o Bebê Virtual, projeto realizado em seu mestrado, em parceria com a Faculdade de Odontologia de Bauru (USP). Flávia é consultora de amamentação e laserterapeuta.
Além disso, a profissional já atuou como docente temporária na área de Neopediatria da PUC Campinas, é professora na Especialização em Motricidade Orofacial da Fonocenter, em Madrid e também dá aulas como professora convidada na Especialização em Odontopediatria na ACDC e São Leopoldo Mandic.